Dieta vegana pode reduzir o excesso de peso?

16 de janeiro de 2022 0 Por Joana Boa Forma

fonte: https://pebmed.com.br/dieta-vegana-pode-reduzir-o-excesso-de-peso-confira-novo-estudo-randomizado/

Ainda existe uma dificuldade em abordar doenças relacionadas ao excesso de peso, principalmente em relação tipo de dieta mais eficaz para cada caso. Como alguns estudos iniciais apontaram que a obesidade é mais incomum em indivíduos que se alimentam mais com derivados de plantas, um ensaio clínico foi realizado para avaliar o efeito da dieta vegana no peso e na resistência à insulina.

Apesar de o excesso de peso estar relacionado à várias doenças, o estudo focou em avaliar a resistência à insulina que leva à diabetes tipo 2 e o metabolismo pós-prandial.

alimentos em mesa de médico que recomenda dieta vegana

Dieta vegana e obesidade

O ensaio clínico randomizado foi feito em um único centro, de forma não cega, entre janeiro de 2017 e fevereiro de 2019, nos Estados Unidos, em quatro repetições de 16 semanas. Foram incluídos pacientes entre 25 e 75 anos com índice de massa corporal (IMC) de 28 a 40. Nos critérios de exclusão estavam diabetes, tabagismo, uso de álcool ou drogas, gravidez ou lactação e uso atual do veganismo.

Os participantes foram alocados aleatoriamente (proporção de 1: 1), usando um sistema de computador, para o grupo intervenção, que deveria seguir uma dieta vegana com baixo teor de gordura, ou para o grupo controle, que não fazia nenhuma dieta específica. Todos os pacientes foram orientados a limitar a 1 bebida alcoólica por dia para mulheres, e duas para homens, além de manter sua rotinas normais de exercícios e medicamentos.

A dieta do grupo de intervenção consistia em 75% de carboidratos, 15% de proteína e 10% de gordura, através de alimentos, como: vegetais, grãos, legumes, frutas e outros produções sem origem animal e sem gorduras adicionais. O grupo também teve que tomar suplementos de vitamina B12 (500 μg/dia). O estudo não ofereceu as refeições, apenas realizou aulas semanais com as instruções e demonstrações culinárias, além de distribuir materiais impressos e amostras dos alimentos.

Medidas

Ao todo, 244 pessoas participaram do estudo, ficando 122 em cada grupo. Todos tiveram o peso corporal avaliado nas semanas 0 e 16, por meio de uma balança calibrada. A composição corporal e a gordura visceral foram medidas por absorciometria de raio-x duplo.

A resistência à insulina foi avaliada com o índice de avaliação do modelo de homeostase e o índice de sensibilidade à insulina previsto (PREDIM). O efeito dos alimentos foi medido por calorimetria indireta ao longo de três horas após um café da manhã líquido padrão (720 kcal).

Em um subconjunto (n = 44), os lipídios hepatocelulares e intramiocelulares foram quantificados por espectroscopia de ressonância magnética de prótons. Análise de variância de medida repetida foi usada para análise estatística.

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Resultados

Entre os 244 participantes do estudo, 87% (211) eram mulheres e 48% (117) eram brancos. A idade média (DP) foi de 54,4 (11,6) anos.

Durante as 16 semanas, os resultados encontrados foram:

  • Diminuição do peso corporal em 5,9 kg naqueles do grupo da dieta (IC 95%, 5,0-6,7 kg; P <0,001);
  • Aumento em 14,1% do efeito térmico dos alimentos no grupo de intervenção (IC 95%, 6,5-20,4; P <0,001);
  • O índice de avaliação do modelo de homeostase diminuiu nos pacientes com dieta vegana (−1,3; IC de 95%, −2,2 para −0,3; P <0,001);
  • O PREDIM aumentou (0,9; IC de 95%, 0,5-1,2; P <0,001) no grupo de intervenção;
  • O grupo controle não teve mudanças significativas. A mudança no PREDIM se correlacionou negativamente com a mudança no peso corporal (r = −0,43; P <0,001).

No subgrupo:

  • Os níveis de lipídios hepatocelulares diminuíram no grupo de intervenção em 34,4%, de uma média de 3,2% (2,9%) para 2,4% (2,2%) (P = 0,002);
  • Os níveis de lipídios intramiocelulares diminuíram em 10,4%, de um média de 1,6 (1,1) a 1,5 (1,0) (P = 0,03).
  • Nenhuma dessas variáveis ​​mudou significativamente no grupo de controle ao longo das 16 semanas.
  • Mudanças nos níveis de lipídios hepatocelulares e intramiocelulares estiveram correlacionados com mudanças na resistência à insulina (ambos r = 0,51; P = 0,01).

Conclusão

Apesar de ter uma limitação importante, que foi o autorrelato da ingestão alimentar, os efeitos percebidos ao longo das semanas traz uma segurança de que a dieta vegana, desde que com baixo teor de gordura, pode ser utilizada para reduzir o excesso de peso e, assim, aumentar a sensibilidade à insulina. Esta última, resultando em aumento do metabolismo pós-prandial.

No subgrupo, pôde-se observar ainda uma alteração considerável nos níveis de gorduras hepato e intramiocelulares.