Relato de um viajante (Guia para Mochileiros)

5 de janeiro de 2021 Off Por Joana Boa Forma

Na minha viagem para a Costa Rica percebi algo muito importante. Algo que diferencia os mochileiros brasileiros dos mochileiros do resto do mundo (principalmente europeus).

Para começar já explicando, entendo que a principal diferença entre os mochileiros de férias dos sabáticos se resume a duas palavras: segurança e tranquilidade.

Nós, mochileiros brasileiros, normalmente fazemos nossas viagens, intercâmbios e mochilões nas férias. Parece lógico, mas é aí que mora a diferença. Fazemos as nossas viagens com no máximo de 30 dias, e como bom mochileiro, queremos conhecer o máximo. Então super planejamos o dia-a-dia das nossas férias e durante cada dia controlamos para conseguirmos fazer tudo.

Arco-iris na estrada de Monteverde-Quepos, Costa Rica
Arco-iris na estrada de Monteverde-Quepos, Costa Rica

É divertido e tudo, mas não fazemos as coisas com a tranquilidade necessária pois há muito o que fazer (em qualquer lugar do mundo) e sempre haverá pouco tempo (no máximo 30 dias de férias).

Existe uma outra alternativa... Podemos largar nossos empregos, ou pedir uma licença não remunerada e então fazer uma viagem mais longa. Ótimo, não é? Seria assim fácil se tivéssemos a segunda palavrinha: segurança. Segurança para se planejar e saber que quando voltasse ao Brasil conseguiria um emprego facilmente, independente de ser na sua área ou não.

Segurança não falta aos mochileiros dos países de primeiro mundo. Inúmeros dos que encontrei na Costa Rica(por exemplo) me disseram: ”saí do trabalho e vim fazer um mochilão de X semanas ou meses”. Das poucas (tipo 12 pessoas, sendo que 5 eram brasileiros)  que conversei mais profundamente na viagem, me lembro pelo menos de dois americanos, uma canadense e uma francesa que me falaram esta a mesma coisa. Alguns estavam viajando na região 1 mês, 3 meses, 6 meses… Isso pouco importa na verdade, pois independente do tempo, todos eles eram sabáticos.

Mas na prática, o que os mochileiros gringos tem de diferente?

Apreciando a orla de Galway, Irlanda
Apreciando a orla de Galway, Irlanda

Um americano que estava viajando a Costa Rica de bicicleta (ótima ideia!) me disse: ”bom, quando voltar, posso trabalhar part-time na fábrica de esquis do meu amigo enquanto não começo algo novo… não é o melhor do mundo em termos de dinheiro, mas pelo menos posso fazer alguma coisa diferente”.

Visto esta segurança, eles viajam com tranquilidade. Tiram um dia de férias das férias para simplesmente ficar olhando para a parede… balançando na rede lendo um livro. Ficam 3 dias em um lugar em que nós ficaríamos apenas 1. Com isso, tem a oportunidade de falar com mais gente e até estender um dia para fazer algo que não estava planejado.

A francesa falou em um dia pela manhã que iria para Sierpe (extremo) sul da Costa Rica. No fim do dia, conversando na cozinha, ela me disse que iria para Jacó, ou seja, na direção oposta!

Neste momento, isso é mais uma constatação, visto que isso tudo tem muito a ver as questões econômicas e culturais do Brasil. Mas, para mim, é condição para uma nação ter esta segurança. Afinal, viajar é preciso e ter esta tranquilidade é mandatório para poder aproveitar e aprender o máximo em cada jornada.

Viajante em Lagos, Portugal
Viajante em Lagos, Portugal

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